Arundhati Roy sabe muito bem que sem estilo nem oficina, isto é, sem arte, não há literatura; e por isso adapta a crueldade de que a vida se entranha a uma estética que não alivia nem carrega: o desconcerto do Mundo é suficiente para que nos seja relatado com realismo, com implacável realismo. O resto é mestria da escritora na ordenação do caos.
(também aqui)
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ResponderEliminarBela síntese. Realismo sem fanatismo do real. Onde é que eu já li isto?
ResponderEliminarObrigado Manel! Provavelmente lêmo-lo no mesmo sítio...
EliminarAbraço
"Olharam o rio com olhos de barco velho". É diferente um rio ser olhado com olhos de barco novo, ou com olhos de uma lancha a motor, ou com olhos de um barco de turistas. Todos são olhares reais. Todos são olhares diferentes. Todos verdadeiros. E no entanto tão diferentes! É uma história tecida com fios de seda.
ResponderEliminarÉ verdade. Todos os olhares enriquecem, mesmo que divirjam dos nossos -- e desde que não pretendam catequizar.
EliminarO que não para de me surpreender são os novos horizontes que a boa literatura consegue abrir. Hoje de manhã olhei as pessoas à minha volta e soube identificar claramente quais delas poderiam olhar um rio com olhos de um barco velho e aquelas que seriam incapazes de o fazer.
ResponderEliminarHoje de manhã, olhando as pessoas à minha volta, soube claramente quais delas poderiam olhar um rio com olhos de barco velho e as que seriam incapazes de o fazer. É este o fantástico desempenho da boa literatura.
ResponderEliminarLi esse livro a conselho de uma pessoa conhecida e foi das leituras aconselhadas, uma das que mais me tocou. Maravilhoso!
ResponderEliminarComprovo a maravilha, Maria João! Obrigado pelo comentário.
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