26 de janeiro de 2018

felizmente, não é de todo verdade

«Uma pessoa não pode considerar-se culpada de depravação e esperar um dilúvio de simpatia. Pelo menos a partir de certa idade. A partir de certa idade uma pessoa deixa pura e simplesmente de ser apelativa e é tudo. Só nos resta cerrar os dentes e viver o resto da vida. Cumprir a pena.» J. M. Coetzee, Desgraça [1999], trad. José Remelhe, Lisboa, Biblioteca Sábado, Lisboa, 2008, p. 61. 

22 de janeiro de 2018

12 de janeiro de 2018

o passado é outro país

«Acabo de receber a seguinte carta: "Nós, os velhos, temos uma vida difícil... Mas não sofremos por causa das pensões pequenas e humilhantes. O que mais nos magoa é sermos expulsos de um grande passado para um presente insuportavelmente pequeno. Já ninguém nos convida para discursar nas escolas, nos museus, já não fazemos falta. Nos jornais, os nazis são cada vez mais nobres, e os soldados vermelhos cada vez mais hediondos."» Svetlana Alexievich, A Guerra não Tem Rosto de Mulher (1985), trad. Galina Mitrakhovich, Lisboa, Elsinore, 2016, p. 32.

5 de janeiro de 2018


"HÁ CADA VEZ MENOS PASTORES NOS VALES, HÁ CADA VEZ MENOS LOBOS NOS MONTES, MAS HÁ CADA VEZ MAIS ESTRADAS PARA CHEGAR AOS VALES E AOS MONTES"
Malditos, pag. 13

Eu, com as minhas origens rurais e idade já considerável, testemunhei tempos, para mim inesquecíveis, de harmonia entre o Homem e a Natureza e sobretudo de desfrute total desta por aquele (apesar de algumas quezílias entre mamíferos). Mais tarde, usufruí das delícias da tecnologia e do consumismo. O que sinto, ao olhar para trás? Uma sensação de de vazio, de perda, que tem todos os sintomas de irreparável. O mundo rural desapareceu; o que resta no seu lugar é um cenário de solidão e abandono, uma paisagem para turista ver. As poucas aldeias ardem... Restam as cidades... Por enquanto...