Um estilo ginasticado, em que se reconhece, sem dificuldade, a escrita de Almada, tanto em prosa como na própria poesia. Esse estilo é mesmo o que salva o livro, hoje, em 2016, pois se o confronto entre o real e o ideal, entre indivíduo e sociedade, entre irreverência e conformismo (ou rebeldia e domesticação) são temas de sempre, o pano de fundo é mais do que circunscrito, como não podia deixar de ser, provavelmente.
Grande livro em 1925, ano em que foi escrito, mas não editado, o que ocorreria só em 1938, pelas mão de João Gaspar Simões -- e por essa altura já não tão grande, uma vez que, entretanto, se publicara o Elói, ou Romance numa Cabeça, do mesmo JGS, o Jogo da Cabra Cega, de José Régio, e Sedução, de José Marmelo e Silva -- embora nenhum deles seja, ou fosse, Almada.
Tomarmos Nome de Guerra, nos dias de agora como obra-prima, será manifesto exagero, o que não significa que tenha deixado de ser um excelente, digamos, romance. A minha obra-prima de Almada, poderá ser, talvez, a Cena do Ódio. Mas a literatura escapa-se-nos, e sempre será mais do que entusiasmos e embirrações particulares. E ainda bem.
Li este livro e outros do Almada Negreiros na série editada pela Estampa, penso que eram seis volumes e adorei a sua escrita, já lá vão longos anos. Já esta colecção de Livros de Bolso RTP (eram 100 volumes e até se podia comprar um móvel), representou o meu encontro com a Literatura. Um livro termina sempre por nos trazer boas memórias.
ResponderEliminarBom domingo