Fazer listas é-me tão agradável quanto insatisfatório, pelo que se deixa para trás. Remorsos.
No caso dum clube de leitura em que se participou em todas as sessões, vários, muitos, foram os livros já lidos, e mesmo relidos, noutras ocasiões. Noutros tantos casos -- provavelmente a maioria --, a leitura tornou-se revelação, pelo primeiro contacto com o texto, e por vezes com o próprio autor dele.
Estas evidências, características dum clube de leitura, suscitaram-me a seguinte reflexão: neste tipo de avaliações, mesmo (ou sempre) subjectivas, os livros não estão em igualdade de circunstâncias, pois se nunca somos a mesma pessoa -- o mesmo leitor -- que agora lê o outrora já lido, uma coisa é conhecer, outra lembrar. Daí que, fazendo batota, tenha resolvido furar o esquema, e escolher os doze livros de que mais gostei, mas que já lera noutras ocasiões; e os doze livros cuja leitura fiz pela primeira vez no âmbito do Clube de Leitura do Museu Ferreira de Castro. E no fim, cruciado, fazer uma síntese das duas listas numa terceira.
A este drama pungente soma-se outra dificuldade: comecei por pensar não incluir mais do que uma obra por autor, mas tal opção iria prejudicar a minha avaliação relativamente aos livros do Ferreira de Castro, meu patrono (meu patrão), que assinou três dos romances que mais gostei ler na minha vida (e ainda uma novela), não contando com a importância histórica e literária que tiveram e têm na novelística portuguesa do século XX. Deixarei, porém, de fora esses critérios, credores dum cabedal demonstrativo -- se necessário fosse para os livros em causa -- e eventualmente argumentativo, que seria descabido neste blogue.
Chega de conversa, não sem antes rematar informando que a ordem é unicamente a da data da primeira edição de cada título, e que a lista é válida para hoje. Amanhã (ou para a semana), poderia ser diferente...
Lista 1. 12 livros já lidos noutras ocasiões:
Lista 2. 12 livros lidos pela primeira vez no Clube de Leitura:
Lista 3. a lista impossível.
Assim,
Lista 1
1- O Livro de Cesário Verde (1887)
2- Húmus (1917), de Raul Brandão
3- O Malhadinhas (1922), de Aquilino Ribeiro
4- Emigrantes (1928), de Ferreira de Castro
5- A Selva (1930), de Ferreira de Castro
6- Vinte e Quatro Horas da Vida de uma Mulher (1935), de Stefan Zweig
7- Bichos (1940), de Miguel Torga
8- A Lã e a Neve (1947), de Ferreira de Castro
9- Barranco de Cegos (1961), de Alves Redol
10- O que Diz Molero (1977), de Dinis Machado
11- Na Patagónia (1977), de Bruce Chatwin
12- As Primeiras Coisas (2013), de Bruno Vieira Amaral
Lista 2
1- Nossa Senhora de Paris (1831), de Victor Hugo
2- As Pupilas do Senhor Reitor (1867), de Júlio Dinis
3- Platero e Eu (1914), de Juan Ramón Jimenez
4- Se Isto É um Homem (1947), de Primo Levi
5- Contos Exemplares (1962), de Sophia de Mello Breyner Andresen
6- Lavoura Arcaica (1974), de Raduan Nassar
7- A Guerra não Tem Rosto de Mulher (1985), de Svetlana Alexievich
8- Gente Feliz com Lágrimas (1988), de João de Melo
9- O Deus das Pequenas Coisas (1997), de Arundhati Roy
10- Império à Deriva (2004), de Patrick Wilcken
11- A Arte de Voar (2009) de Antonio Altarriba & Kim
12- Entre o Céu e a Terra (2012), de Rui Chafes
a lista impossível
1- O Livro de Cesário Verde (Outubro de 2009)
2- Platero e Eu (Junho de 2008)
3- Húmus (Julho de 2012)
4- O Malhadinhas(Junho de 2013)
5- Emigrantes (Maio de 2008)
6- A Selva (Julho de 2009)
7 - A Lã e a Neve (Fevereiro de 2014)
8 - Se Isto É um Homem (Janeiro de 2013)
9- Barranco de Cegos (Junho de 2014)
10- O Amor nos Tempos de Cólera (1985) (Março de 2014)
11- A Guerra não tem Rosto de Mulher (Setembro de 2017)
12- Gente Feliz com Lágrimas, João de Melo (Setembro de 2015)
No caso dum clube de leitura em que se participou em todas as sessões, vários, muitos, foram os livros já lidos, e mesmo relidos, noutras ocasiões. Noutros tantos casos -- provavelmente a maioria --, a leitura tornou-se revelação, pelo primeiro contacto com o texto, e por vezes com o próprio autor dele.
Estas evidências, características dum clube de leitura, suscitaram-me a seguinte reflexão: neste tipo de avaliações, mesmo (ou sempre) subjectivas, os livros não estão em igualdade de circunstâncias, pois se nunca somos a mesma pessoa -- o mesmo leitor -- que agora lê o outrora já lido, uma coisa é conhecer, outra lembrar. Daí que, fazendo batota, tenha resolvido furar o esquema, e escolher os doze livros de que mais gostei, mas que já lera noutras ocasiões; e os doze livros cuja leitura fiz pela primeira vez no âmbito do Clube de Leitura do Museu Ferreira de Castro. E no fim, cruciado, fazer uma síntese das duas listas numa terceira.
A este drama pungente soma-se outra dificuldade: comecei por pensar não incluir mais do que uma obra por autor, mas tal opção iria prejudicar a minha avaliação relativamente aos livros do Ferreira de Castro, meu patrono (meu patrão), que assinou três dos romances que mais gostei ler na minha vida (e ainda uma novela), não contando com a importância histórica e literária que tiveram e têm na novelística portuguesa do século XX. Deixarei, porém, de fora esses critérios, credores dum cabedal demonstrativo -- se necessário fosse para os livros em causa -- e eventualmente argumentativo, que seria descabido neste blogue.
Chega de conversa, não sem antes rematar informando que a ordem é unicamente a da data da primeira edição de cada título, e que a lista é válida para hoje. Amanhã (ou para a semana), poderia ser diferente...
Lista 1. 12 livros já lidos noutras ocasiões:
Lista 2. 12 livros lidos pela primeira vez no Clube de Leitura:
Lista 3. a lista impossível.
Assim,
Lista 1
1- O Livro de Cesário Verde (1887)
2- Húmus (1917), de Raul Brandão
3- O Malhadinhas (1922), de Aquilino Ribeiro
4- Emigrantes (1928), de Ferreira de Castro
5- A Selva (1930), de Ferreira de Castro
6- Vinte e Quatro Horas da Vida de uma Mulher (1935), de Stefan Zweig
7- Bichos (1940), de Miguel Torga
8- A Lã e a Neve (1947), de Ferreira de Castro
9- Barranco de Cegos (1961), de Alves Redol
10- O que Diz Molero (1977), de Dinis Machado
11- Na Patagónia (1977), de Bruce Chatwin
12- As Primeiras Coisas (2013), de Bruno Vieira Amaral
Lista 2
1- Nossa Senhora de Paris (1831), de Victor Hugo
2- As Pupilas do Senhor Reitor (1867), de Júlio Dinis
3- Platero e Eu (1914), de Juan Ramón Jimenez
4- Se Isto É um Homem (1947), de Primo Levi
5- Contos Exemplares (1962), de Sophia de Mello Breyner Andresen
6- Lavoura Arcaica (1974), de Raduan Nassar
7- A Guerra não Tem Rosto de Mulher (1985), de Svetlana Alexievich
8- Gente Feliz com Lágrimas (1988), de João de Melo
9- O Deus das Pequenas Coisas (1997), de Arundhati Roy
10- Império à Deriva (2004), de Patrick Wilcken
11- A Arte de Voar (2009) de Antonio Altarriba & Kim
12- Entre o Céu e a Terra (2012), de Rui Chafes
a lista impossível
1- O Livro de Cesário Verde (Outubro de 2009)
2- Platero e Eu (Junho de 2008)
3- Húmus (Julho de 2012)
4- O Malhadinhas(Junho de 2013)
5- Emigrantes (Maio de 2008)
6- A Selva (Julho de 2009)
7 - A Lã e a Neve (Fevereiro de 2014)
8 - Se Isto É um Homem (Janeiro de 2013)
9- Barranco de Cegos (Junho de 2014)
10- O Amor nos Tempos de Cólera (1985) (Março de 2014)
11- A Guerra não tem Rosto de Mulher (Setembro de 2017)
12- Gente Feliz com Lágrimas, João de Melo (Setembro de 2015)
E, pensava eu, que só eu tinha dúvidas existenciais! Por esse abrir de olhos lhe perdoo a batota.Por isso, e porque também poderia ter subscrito a maioria da sua lista final... a que juntaria o Germinal que relerei para a sessão de dezembro.
ResponderEliminarO «Germinal», se não estivesse fora dos primeiros 10 anos, seria obrigatório nos meus 12. Ab.
EliminarÉ quase impossível fazer listas definitivas do que quer
ResponderEliminarque seja. Ao longo dos meses, anos vamos descobrindo novos
"amores". Qual o filme que fica em 1º lugar na lista
que fizermos? . Qual a mulher mais bonita,? etc.etc.
Dessa volubilidade advém, creio, o gosto de as fazer...
EliminarQue trabalheira, Ricardo! Assim se compreende a demora!
ResponderEliminarHesitei. Parecendo que não, é uma responsabilidade...
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