“O encanto das
pálpebras femininas”, artigo de FERREIRA DE CASTRO publicado no nº 224 da
revista ABC, de 30/10/1924, de que era director Rocha Martins:
«São as pálpebras a quarta maravilha da mulher: – depois das mãos, dos seios e dos lábios, as pálpebras encerram o quarto segredo do encanto feminino.
Eu amo as pálpebras mais do que os olhos: – e estes sem elas seriam apenas dois globos perdidos, errantes, eternamente rolando entre as serranias do rosto.»
«São as pálpebras a quarta maravilha da mulher: – depois das mãos, dos seios e dos lábios, as pálpebras encerram o quarto segredo do encanto feminino.
Eu amo as pálpebras mais do que os olhos: – e estes sem elas seriam apenas dois globos perdidos, errantes, eternamente rolando entre as serranias do rosto.»
FERREIRA DE CASTRO
colaborou vastamente na revista ABC: contos curtos, novelas, crítica de
livros e teatro, artigos de opinião e investigação.
Em outro artigo do
mesmo ano (nº 230, de 11/12), “As atitudes da mulher que lê “, o escritor volta
a referir-se às pálpebras femininas:
«A mim, pessoalmente,
mais do que ser lido pelas mulheres, interessa-me ver as mulheres lerem.
Há um estranho encanto
nas mulheres que lêem: – e a contemplá-las, em silêncio, eu me quedo longo
tempo.
Eu amo ver as pálpebras
femininas distenderem-se como duas pétalas, semicerrando-se sobre os olhos – já
convergidos para um livro.»
Era um incorrigível romântico, este homem... Mesmo quando mudou de literatura, nunca deixou de o ser.
ResponderEliminarÉ evidente que não pode deixar de se gostar destes pedaços, concorde-se ou não com a ordem dos atributos e com a análise ou síntese do conceito de olhos.
ResponderEliminarDescrever com beleza o que já de si é belo...
ResponderEliminarSe bem que eu, tal como (pelo menos aparentemente) José Serra, opte, na matéria, por outra hierarquia... E também não dissocio as pálpebras (e as pestanas, que acho mais sensuais, ainda) dos olhos, como conjunto!
Concordo que a velocidade com que as pálpebras se descerram sobre os olhos, nesse jeito lasso, pode seduzir os mais desprevenidos. E vislumbrar o livro como objecto-fetiche, é muito interessante e invulgar!
ResponderEliminar