A Tempestade, de Ferreira de Castro
Café República, de Álvaro Guerra
Donde Viemos - História de Portugal I, de António Borges Coelho
Germinal, de Émile Zola
Ilhéu de Contenda, de Teixeira de Sousa
Insanus, de Carlos Querido
Malditos - Histórias de Homens e Lobos, de Ricardo J. Rodrigues
Maus, de Art Spiegelman
O Romancista Ingénuo e o Sentimental, de Orhan Pamuk
Os Despojos do Dia, de Kazuo Ishiguro
Um Muro no Meio do Caminho, de Julieta Monginho
«Germinal», «Maus» e «A Tempestade»
ResponderEliminarGerminal, A Tempestade, Insanus
ResponderEliminarGerminal,A Tempestade e Os Despojos do Dia.
ResponderEliminarGerminal, Ilhéu de Contenda, Os Despojos do Dia
ResponderEliminarApenas li alguns dos livros escolhidos para 2018! com esta limitação: A Tempestade, O Romancista Ingénuo e o Sentimental,
ResponderEliminarOs Despojos do Dia
Germinal
ResponderEliminarMaus
Os Despojos do Dia
Uma nota sobre Germinal, que só hoje acabei de ler (Tinha desacelerado quando vi que não podia estar no debate. Assim, pude saborear melhor a parte final)
Para mim, um dos melhores livros que li na vida. Agradeço a quem o indicou para leitura.
Surpreendente na densidade dramática, na riqueza da narrativa, na superior qualidade estética, no rigor do tratamento dos personagens. Ficam na retina 'a (mulher) do Maheu', para mim uma das personagens centrais (bem merecia que Zola tivesse quebrado a regra e lhe desse um nome próprio), a mártir Catarina, frágil lírio caído na lama sem se macular, o canalha Chaval...
Para mim, o menos bom do romance é o capítulo da inundação e derrocada da mina, que me parece demasiado fantasioso e inverosímil. Já agora, talvez a Catarina merecesse salvar-se ao lado do seu amado...
A escolha da Anabela Carvalho: «Germinal», «Um Muro no Meio do Caminho» e «ilhéu de Contenda.
ResponderEliminarA escolha da Maria José carvalho: «os Despojos do Dia», «Maus» e «Germinal».
ResponderEliminarA minha escolha: "Germinal"; "Os Despojos do Dia" e "Ilhéu de Contenda" Gracinda Ferro
ResponderEliminar1º Germinal – Pelo naturalismo exemplar do autor dos Rougon-Macquart, pela caracterização desapaixonada das forças em presença: patrões, directores e accionistas (do lado burguês); reformistas, marxistas e anarquistas (do lado operário), e, claro, a massa popular que lutava pelo pão. Em ambas as bandas há sofredores e vítimas. Limito-me a estas: Cecília entre os privilegiados; Catarina e Alzira entre os deserdados. Já agora também os cavalos, Batalha (filósofo) e Trombeta (serão conhecidos do PAN? ), prisioneiros perpétuos no fundo da mina. Mas o sofrimento maior é, naturalmente, dos que não têm pão para comer. Os cavalos, ao menos, recebiam a sua ração a horas certas. Neste romance não há personagens más: os bons talvez o sejam por excepção; os maus são-no por acção daqueles factores conhecidos: hereditariedade e meio. Era assim que pensava Zola. O cientismo do século XIX gerou estas ideias e elas ficaram na literatura.
ResponderEliminar2º O Romancista Ingénuo e o Sentimental – Porque há uma arte do romance e há romancistas que a pensam (lembro-me de Aulas de Literatura, de Nabokov; de A Arte do Romance, de Milan Kundera e de Se Numa Noite de Inverno Um Viajante, de Italo Calvino). Acho que estes livros ajudam nas nossas leituras – leitores reflexivos-sentimentais que todos somos, saudavelmente temperados com boas doses de leitura ingénua.
3º A Tempestade – De Ferreira de Castro pode dizer-se tudo: que nem sempre escrevia bem, que usava espanholismos e palavras bizarras, que nos romances sociais avaliava as coisas exclusivamente por critérios individuais, etc. Uma coisa não se poderá dizer: que os seus romances, sobre diversos assuntos, não tenham páginas soberbas. E alguns (ou todos!) são mesmo inesquecíveis. É o caso deste.
NOTA: Infelizmente não li Café República, Ilhéu de Contenda e Os Despojos do Dia.
Viva, meu caro. Essa do Ferreira de Castro nem sempre escrever bem, só se se reportar aos livros da primeira fase, pois, a partir de «Emigrantes», não estou a ver.
EliminarO Rodrigues Lapa, que era quem era, escreveu na «Estilística da Língua Portuguesa» ser ele um dos nossos mais elegantes escritores. Cito de memória, mas posso transcrever a passagem, com número de página. Foi algo que se lhe colou, não se sabe vindo de quem, mas certamente de oficiais do mesmo ofício, obviamente invejosos do talento e da superioridade a vários títulos do homem.
Aliás, o Jorge de Sena, que, particularmente, também não levava a bem o sucesso do Ferreira de Castro (olha quem...), teve a honestidade de escrever, a propósito da lista dos consagrados com o Prémio Ricardo Malheiros -- e nós sabemos quem e quantos foram --, que só um era grande, o Ferreira de Castro, pois claro (cito de memória, mas também arranjo transcrição; e suponho que ele estava a excluir o Aquilino, que foi o primeiro galardoado, pois não estou a ver o Sena a retirar ao Aquilino a efectiva grandeza que ele tem).
Há anos, ia no metro com dois mediocríssimos escritores, e lá veio a boutade de a tradução de «A Selva» pelo Cendrars ser melhor que original...
Só a circunstância de um poeta como o Cendrars se ter interessado por um livro como aquele, seria suficiente para que se esboçasse alguma interrogação aquelas cabecinhas pernósticas -- cabecitas, de resto, que ainda andam aí como restos dum neo-realismo em terceira mão, e cujas insignificâncias nunca conseguiram ser lidas para além das fronteiras da sua freguesia.
Enfim, a inveja e o despeito do costume.
Caro Amigo,
ResponderEliminarComo calcula, nestas matérias só falo pelo que leio. E até posso não estar de acordo, limito-me a referir. Mário Dionísio, na recensão de 1947 a "A lã e a neve", na revista "Vértice" (nº 49, p. 305), depois de dizer que aquele é um romance típico de Ferreira de Castro, liberto do espartilho académico, faz notar que há nele «palavras que chocam pelo inesperado, por um alardear de galas que não podem deixar de se [me] afigurar muitas vezes excessivas e algumas vezes deslocadas.» E acrescenta:« É o caso, entre tantos, das luzes "plenidiurnas", da serra mostrando "copiosas presenças humanas", dos grandes "soutos pretéritos", dos "torcícolos" dos diálogos, dos "olhares condutores de voluptuosas ideias", dos fatos cheios de "arquipélagos de nódoas". Tudo isto, como o uso repisado e sem função dos adjectivos possessivos da terceira pessoa e dos pronomes pessoais do sujeito, trá-lo Ferreira de Castro lá detrás, das suas primeiras obras (...)», etc. etc. Não sei se são justas as observações, não me lembro destas passagens supostamente deselegantes, mas como sabe, a avaliação que ele fez do romance foi muito positiva, Ferreira de Castro até agradeceu por carta. Aqui não será um caso de inveja ou despeito, tanto mais que Mário Dionísio não era uma figura qualquer do neo-realismo.
Tem razão, mas aquilo a o que o Mário Dionísio se refere é a determinadas imagens ou metáforas e não propriamente a escrever bem ou mal. E obviamente qualquer escritor tem páginas melhores e outras menos conseguidas. Ainda agora estou a ler o «Ensaio sobre a Cegueira», e eu que sou um admirador do Saramago, como grande escritor que é, não deixo de me irritar com certo dedinho no ar que vária vezes lhe surpreendo. E até, sendo um entusiasta do «Levantado do Chão», do «Memorail» ou do «Ricardo Reis», e tendo-me divertido muito com «A Viagem do Elefante», considero a «Jangada» um romance falhado (e aí estou na sua, dele, boa companhia), para não falar do desastre que é o «Ensaio sobre a Lucidez». E já não falo no «Manual de Pintura e Caligrafia», uma espécie de Saramago da primeira fase ou do pré-histórico «Terra do Pecado», que deve ser lido com condescendência, sem ironia. E olhe, com isto esgotei a minha saramaguiana romanesca, embora tenha três marcados: «História do Cerco de Lisboa», com grande expectativa, «Clarabóia», com muita curiosidade e «O Evangelho», porque sim (e ainda tenho mais à espera, haja vida).
EliminarVoltando ao Mário Dionísio: como deve ter visto na minha resenha da recepção do romance, acabo por considerar que ele apontou ao lado na crítica da Vértice, ao contrário do António Vale / Álvaro Cunhal, na mesma revista. Aqui para nós, acho que estava gafado do tifo ideológico, mais benevolente, a esse nível e surpreendentemente, o Cunhal.
Concordo, mesmo nos grandes há sempre páginas menores. Sobre o "Ensaio sobre a Lucidez", lembro-me que estivemos do mesmo lado quando o livro foi aí ao Clube de Leitura. Do "Manual de Pintura e Caligrafia" gostei mais, embora haja um certo "desvio" na parte final. E sobre a recepção de "A Lã e a Neve", sim, li o que escreveu. Tenho andado com o caso esta semana.
EliminarUm grande bem-haja.
EliminarDesculpe lá, acrescento em tempo: Essa sobre a "Forêt vierge" do Blaise Cendrars também já a ouvi algumas vezes. Nunca lhe passei os olhos por cima: deve ter grande beleza poética, mas o original é insuperável.
ResponderEliminarPois, não me vou pronunciar, mas a análise já foi feita, aliás por dois franceses. Mas interessante é o que escreve o Cendrars no prefácio.
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