8 de maio de 2017

Sobre a Inveja de Zuenir Ventura

Desta feita, a leitura do mês é já uma antiga conhecida… há 10 anos. (Parece-me numa outra vida.) Na altura, estava empenhada em ler toda a coleção Planos Pecados da editora brasileira Objetiva… hoje continuo com a mesma contabilidade de leitura. 
No entanto, este foi um daqueles livros que contribuiu para uma transformação pessoal, talvez quase imperceptível, pelo menos para os outros. Ao acompanhar as pesquisas e reflexões apresentadas pelos autor, fui percebendo como a mesma agia e, como tal, percebi como minava alguma das minhas re(l)ações, o que me deu uma base para agir e introduzir algumas (pequenas) alterações no modo como lido/lidava com certas pessoas e situações. Sintetizei algumas dessas aprendizagens desta forma:
  • A inveja é o mais inconfessável dos pecados e realça as características mais vis das pessoas. Enquanto todos os outros pecados são contra uma virtude, ela é contra toda virtude.
  • A inveja necessita sempre de pelo menos dois indivíduos com uma relação de desigualdade e o invejoso é sempre aquele que se sente prejudicado. Ela é socialmente útil, pois controla a vaidade e o orgulho; além disso, estimula a inovação, impedindo a acomodação, reduzindo o desequilibro entre os indivíduos. Só se inveja quando se está triste e a quem está perto. A sua base é a busca do poder: a mais-valia; mas o que mais desperta é a impotência: ficar passivo, olhando, se corroendo por dentro. Muitas das vezes é a projecção nos outros da malícia que na verdade está dentro de nós.
  • A inveja é mais azeda entre as mulheres por causa de uma vivência de privação. Elas têm de lutar mais, ter mais talento, mais competência. A maioria das coisas invejadas pertence à esfera do narcisismo: beleza, juventude, honra, glória, fama, poder, coisas tangíveis mas que se podem perder facilmente.
  • A inveja é a exploração de nosso campo magnético por outra pessoa e está sempre associada ao olhar, ao mau-olhado. E a inocência não serve para proteger. Mascara-se muitas vezes sob a forma de elogio, que é sempre recebido com reservas, porque se teme que ele funcione como mau agouro. Ninguém elogia com boas intenções.
  • A inveja tem sempre uma energia negativa e não há diferenciação entre boa e má inveja: destrói e corrói sempre.
Espero que apreciem esta leitura. Eu vou fazer o exercício de ler o livro 10 anos depois.

J

2 comentários:

  1. Obrigado, Adelaide -- um abraço.

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  2. Nem sempre concordo com afirmações da síntese,talvez porque me tenha curado há já muitos, muitos anos.
    Por outro lado, deteto algumas omissões: penso, por exemplo nas delações, sem razão objetiva, em tempos de guerra civil ou ditadura, ou abuso de poder de qualquer tipo.
    Aos invejosos, desejo que sejam felizes... longe de mim.

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