Desta feita, a leitura do mês é já uma antiga conhecida… há
10 anos. (Parece-me numa outra vida.) Na altura, estava empenhada em
ler toda a coleção
Planos Pecados da editora brasileira Objetiva… hoje continuo com a
mesma contabilidade de leitura.
No entanto, este foi um daqueles livros que contribuiu para uma transformação
pessoal, talvez quase imperceptível, pelo menos para os outros. Ao acompanhar
as pesquisas e reflexões apresentadas pelos autor, fui percebendo como a mesma
agia e, como tal, percebi como minava alguma das minhas re(l)ações, o que me
deu uma base para agir e introduzir algumas (pequenas) alterações no modo como
lido/lidava com certas pessoas e situações. Sintetizei algumas dessas
aprendizagens desta forma:
- A inveja é o mais inconfessável dos pecados e realça as características mais vis das pessoas. Enquanto todos os outros pecados são contra uma virtude, ela é contra toda virtude.
- A inveja necessita sempre de pelo menos dois indivíduos com uma relação de desigualdade e o invejoso é sempre aquele que se sente prejudicado. Ela é socialmente útil, pois controla a vaidade e o orgulho; além disso, estimula a inovação, impedindo a acomodação, reduzindo o desequilibro entre os indivíduos. Só se inveja quando se está triste e a quem está perto. A sua base é a busca do poder: a mais-valia; mas o que mais desperta é a impotência: ficar passivo, olhando, se corroendo por dentro. Muitas das vezes é a projecção nos outros da malícia que na verdade está dentro de nós.
- A inveja é mais azeda entre as mulheres por causa de uma vivência de privação. Elas têm de lutar mais, ter mais talento, mais competência. A maioria das coisas invejadas pertence à esfera do narcisismo: beleza, juventude, honra, glória, fama, poder, coisas tangíveis mas que se podem perder facilmente.
- A inveja é a exploração de nosso campo magnético por outra pessoa e está sempre associada ao olhar, ao mau-olhado. E a inocência não serve para proteger. Mascara-se muitas vezes sob a forma de elogio, que é sempre recebido com reservas, porque se teme que ele funcione como mau agouro. Ninguém elogia com boas intenções.
- A inveja tem sempre uma energia negativa e não há diferenciação entre boa e má inveja: destrói e corrói sempre.
Espero que apreciem esta leitura. Eu vou fazer o exercício de
ler o livro 10 anos depois.
J
Obrigado, Adelaide -- um abraço.
ResponderEliminarNem sempre concordo com afirmações da síntese,talvez porque me tenha curado há já muitos, muitos anos.
ResponderEliminarPor outro lado, deteto algumas omissões: penso, por exemplo nas delações, sem razão objetiva, em tempos de guerra civil ou ditadura, ou abuso de poder de qualquer tipo.
Aos invejosos, desejo que sejam felizes... longe de mim.