Já há muito que aqui não vinha. Da última vez que o fiz, esforcei-me por publicar uma léria sobre um livro meu, mas desisti depois de umas dez tentativas de ilustrar com uma imagem. Tentei atribuir o fiasco a um capricho do computador, mas, na verdade, é a central eléctrica que já vai falhando... Vale a tudo isto a autocomplacência com que um septuagenário procura camuflar a frustração do impiedoso desgaste...
Hoje, terminada a leitura do magistral romance policial de Leonardo Padura, cuja discussão está aprazada para a próxima sexta-feira no Clube de Leitura Ferreira de Castro, de Sintra, voltei, disposto a dispensar a imagem e centrar-me nos caracteres.
Posso afirmar que me encheu as medidas. Tão inteligente, tão fino, tão humano. Brilhante, mesmo!
E deixo um pedacinho. Pena que um pouco mórbido...:
«Agora faltava o brilho claro dos seus olhos e a voz, lançada com dramatismo sobre a multidão. Faltava o hálito imaculado do seu rosto acabado de barbear, lavado, acordado. Faltava o sorriso inevitável e seguro que esbanjava luz e simpatia. Parecia ter engordado, com uma gordura violácea e doentia, e precisava urgentemente de pentear o seu cabelo castanho.
- Mas é ele - disse o Conde, e o médico-legista voltou a cobri-lo com o lençol, como o pano que cai no último acto de uma peça sem encanto nem emoção.»
F.F.
Agora faltava... preencher esses buracos que se abriram pelo meio do texto...
ResponderEliminarSe imaginarmos que os buracos são propositados, deixa de ser defeito e passa a feitio.
EliminarSe pensarmos no que se tem (des)feito, em escrita, para dar nas vistas, estes buracos são irrelevâncias.
Para a próxima, não chame a atenção... e passa a ser estilo.
Um livro muito bem sacado, diria Mario Conde...
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