12 de julho de 2024

101 poemas portugueses - #45

 

TARDE DE INVERNO


Sobre o planalto adormecido

Num frio leito de inverno,

Agasalhado de brumas,

Um Sol terno,

Distraído...

 

De longe, a montanha sombria

Exala uma aragem fria.

 

Cheira a serra,

A terra,

Morta...

 

Mas com seu odor mais forte,

Ao apelo do vento norte

Responde

A minha melancolia...

 

 

Numa colina humilhada

De chuva, de ventanias,

Crucificado num céu dorido,

Surge um pastor como um vencido.

        Em fila, atrás,

Vem o rebanho humílimo balindo;

        Traz nos olhos a paz,

        A paz grave da serra;

E entre os dorsos compactos, de lã fina,

Paira a sombra primeira aventurosa,

O alvoroço da noite misteriosa,

        O pranto da neblina!...


Fausto José (Aldeia de Cima, Armamar, 1903-1975),

presença #18, Coimbra, 1928

3 comentários:

  1. Felizes....felizes...uma palavra a enunciação de um verbo numa lingua qualquer....dormir, dormant dormi, je dors, je dormis....e nada mais....felizes....

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  2. Respostas
    1. O paraíso, sem manadas de turistas e esperemos que também sem emigrantes a falar franciú.

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