- querer devorar o livro, mas, ao contrário de outros que ficam no palato como um vinho bom quando o estilo é superior, ou se debicam continuamente como um petisco num fim de tarde de praia, sem querer nem saber como parar a leitura, querer e não querer que esta acabe, tal a pressão psicológica a que somos sujeitos;
- testemunho indirecto da saga da mulher soviética de armas (e outros artefactos) na mão, enfrentando o invasor germânico, uma miríade de histórias pessoais e contraditórias, tendo por comum pano de fundo a bestialidade da guerra e sofrimento generalizado. Por vezes, uma centelha de humanidade, o milagre da humanidade no meio do inferno que os homens engendram;
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A Guerra não Tem Rosto de Mulher (1985), de Svetlana Alexievich pertence àquela categoria de obras que nos retratam cruamente, como realmente podemos ser em situações-limite. No testemunho pode emparceirar com
Se Isto É um Homem (1947), de Primo Levi, ou
O Arquipélago Gulag (1973), de Alexander Soljenitsin; em ficção, podemos verificar uma clima opressivo correspondente em narrativas de inspiração autobiográfica, como
A Oeste Nada de Novo (1929), de Erich Maria Remarque, ou
A Selva (1930), de Ferreira de Castro, ou ainda a desesperança sórdida da
Viagem ao Fim da Noite (1932), de Céline;
- forma superior de jornalismo, é já literatura, uma literatura para a História.