Não cantes o meu nome em pleno dia
não movas os seus ásperos motivos
sob a luz dolorosa sob o som
da alegria
Não movas o meu nome sob as tuas
mãos molhadas do choro doutros dias
não retenhas as sílabas caídas
do meu nome da tua boca extinta
Não cantes o meu nome a primavera
já o ameaça hoje principia
a vida do meu nome não o cantes
com a tua alegria
Nota: Hoje Dia Mundial da Poesia entendi homenagear Gastão Cruz. Só com a nossa intuição poética ou em registo áudio voltaremos a ouvi-lo. Por ironia do "destino" o poeta voou no início desta primavera tão frágil para outras galáxias donde continuará a inspirar-nos com a sua tão necessária gramática. Este caderno de 72 é um "ensaio" sobre a "imagem da linguagem", da memória literária e da experiência colocando a poesia no mundo. Não é necessário dizer que William Blake assiste em fundo as estes poemas. A transformação é inerente a qualquer poesia e só assim existe novidade e renovação. Nesse campo, aqui há um importante trabalho ao nível da sintaxe e dos elos que prendem o poema nomeadamente na segunda estância que lançam o leitor na captação de sonoridades acrescidas e de uma nova leitura de poesia.
Muito bem lembrado.
ResponderEliminarAbraço