20 de novembro de 2024

as aberturas de OS MEUS AMORES

«Idílio rústico». «Quando atravessou a povoação, rua abaixo, com o rebanho atrás dele, era ainda muito cedo.»


Trindade Coelho, Os Meus Amores [1891], Mem Martins, Publicações Europa-América, s.d.

19 de novembro de 2024

as aberturas de CONTOS EXEMPLARES

 

«O jantar do bispo». «A casa era grande, branca e antiga.»


Sophia de Mello Breyner Andresen, Contos Exemplares [1962], 4.ª ed., Lisboa, Portugália, s.d.

15 de novembro de 2024

pedra de toque - #9

«Mary virara-se outra vez de costas e Giovanni quis adivinhar-lhe a direcção dos olhos, acompanhá-los depois no voo extasiado que terminava na torre do Palazzo Vecchio.» 

Augusto Abelaira, A Cidade das Flores, 1959

14 de novembro de 2024

as aberturas de PALAVRAS NÓMADAS

«Voo para um novo tempo». «Revejo aquele 30 de Novembro de 2001 como uma espécie de retrato a sépia posto em cima da cómoda da memória, as horas atribuladas, a ide de comboio para Lisboa, depois de táxi para o aeroporto.»

«A visitante». «Abro as portas da memória e entro num dia de Março de 2002, uma página de calendário já desbotada, arrancada dos muros escorregadios do tempo.»


Dora Nunes Gago, Palavras Nómadas, Vila Nova de Famalicão, Húmus, 2023.

.../...

13 de novembro de 2024

101 poemas portugueses - #53


PARTIR!,,,


Eu vou-me embora para além do Tejo,
não posso mais ficar!

Já sei de cor os passos de cada dia,
na boca as mesmas palavras
batidas nos meus ouvidos...
-- Ai as desgraças humanas destas paisagens iguais!...
Abro os olhos e não vejo
já não ando, já não oiço...
Não posso mais...
Grita-me a Vida de longe
e eu vou-me embora para além do Tejo.

Passa a ave no céu bebendo azul e diz:    Vem!
O vento envolve-me numa carícia,
envolve-me e murmura: -- Vem!
As ondas estalam nas praias e vão mar fora,
as mãos de espuma a prender-me os sentidos
chamam no fundo dos meus olhos: -- Vem!

-- Camaradas, eu vou, esperai um pouco...
Ai, mas a vida nunca espera por ninguém...
E a noite chega vingadora;
o vento rasga-me o fato,
as ondas molham-me a carne
e a ave pia misticamente no ar;
abro os olhos e não vejo,
já não ando, já não oiço
-- e fico, desgraçado de ficar!...



Manuel da Fonseca (Santiago do Cacém, 1911 - Lisboa, 1993)
Rosa dos Ventos (1940)

7 de novembro de 2024

pedra-de-toque #8

«Súbito, uma revoada de vozes escapou-se em surdina do âmago da igreja e derramou pelo claustros o clamor inquietante duma dolência arrastada.» 

Manuel Ribeiro, A Catedral, 1920