16 de janeiro de 2025

as aberturas de CONTOS EXEMPLARES

 

6. «O homem». «Era uma tarde do fim de Novembro, já sem nenhum Outono.»

5. Homero». «Quando eu era pequena, passava às vezes pela praia um velho louco e vagabundo a quem chamavam o Búzio.»

4. «Praia». «Era uma espécie de clube de Verão.»

3. «Retrato de Mónica». «Mónica é uma pessoa tão extraordinária que consegue simultaneamente: ser boa mãe de família, ser chiquíssima, ser dirigente da "Liga Internacional das Mulheres Inúteis", ajudar o marido nos negócios, fazer ginástica todas as manhãs, ser pontual, ter imensos amigos, dar muitos jantares, ir a muitos jantares, não fumar, não envelhecer, gostar de toda a gente, toda a gente gostar dela, dizer bem de toda a gente, toda a gente dizer bem dela, coleccionar colheres do séc. XVII, jogar golfe, deitar-se tarde, levantar-se cedo, comer iogurte, fazer ioga, gostar de pintura abstracta, ser sócia de todas as sociedades musicais, estar sempre divertida, ser um belo exemplo de virtudes, ter muito sucesso e ser muito séria.» 

2. «A viagem». «A estrada ia entre campos e ao longe, às vezes, viam-se serras.»

1. «O jantar do bispo». «A casa era grande, branca e antiga.»


Sophia de Mello Breyner Andresen, Contos Exemplares [1962], 4.ª ed., Lisboa, Portugália, s.d.

6 comentários:

  1. Era uma casa muito engraçada:
    Não tinha teto, não tinha nada.
    Ninguém podia entrar nela, não,
    Porque na casa não tinha chão.
    (…)
    Vinicius de Moraes

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  2. Mónica é uma máscara.
    Os outros também.
    Mónica não existe.
    Os outros também.

    E tudo rima
    Tam bem.

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  3. São aberturas...mas se considerarmos a "micronarrativa" como subgénero, aliás cada vez mais divulgado podemos considerar estas aberturas o conto na versão integral ! O que é espantoso pelo que deixa de espaço à imaginação do leitor. No Japão e não só existem contistas de telemóvel escrevendo no metro durante o almoço por falta de tempo e condições melhores...e há por aí quem faça comentários pelos bares...por motivo idêntico....





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  4. PS: leiam a Matilde Campilho, "Flecha".

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