2 de janeiro de 2025

o início de EU À SOMBRA DA FIGUEIRA DA ÍNDIA

«A gente lá em Luanda tinha umas barrocas debaixo da casa, para onde dava a balaustrada do jardim.» Alberto Oliveira Pinto, Eu à Sombra da Figueira da Índia, Porto, Edições Afrontamento, 1990, p. 9.

1 comentário:

  1. A gente lá em Luanda tinha uma mangueira frondosa no quintal da casa e eu subia-a pelas cordas do baloiço suspenso num dos ramos. Sempre que destruía alguma coisa ou malhava nalgum puto cuja mãe se queixava à minha, era lá o meu refúgio porque ninguém se atrevia a tal ascensão. Ia comendo os frutos doces dos meus dissabores enquanto esperava que a fúria do tempo se desvanecesse, o que acabava por acontecer.
    De vez em quando, tão imensamente longe de mim, ainda subo à velha árvore e fico no refúgio das horas a baloiçar o olhar pelo céu do quintal perdido de sonhos.

    ResponderEliminar