1 de maio de 2025

MAIOS

 

As giestas voltaram a florir. Regressaram os maios.

Pela cidade (nova) em flor correm os mensageiros dos maios novos. Dos maios que prometem. Nas cartas de flores um carimbo de urgente. Ao pescoço uma mensagem. Um cordão. Um cordão de flores ( frescas) de maio.flores de giesta ( amarelinha). E as pessoas. Coisas e animais cheiram a maios diferentes. Maios que prometem. Que sorriem. Ao pescoço das crianças e dos velhos uma mensagem. Um cordão. Pelas estradas do meu país muitos cordões de maio.as giestasvoltaram a florir.regressaram os maios.

Maios, in Ilha, poesia 2000, Funchal 1975


Poema de minha autoria cuja forma original não consegui reproduzir integralmente. Não consegui fotografar. Contudo, interessa-me, no dia de hoje de enorme significado em todas as culturas, e, de um modo muito especial com conteúdos mistico profanos na Ilha em que nasci, por celebrar-se tb a procissão do Voto, desde o sec XV, promessa da edilidade funchalense a S Teago Menor, para livrar a cidade da peste negra, interessa-me dizia-me particularmente a mensagem. Quanto a conteúdos literários deverá ser lido em várias dimensões inclusivé a motivação. O motivo são as crianças paupérrimas na berma das estradas que no dia de hoje, infalivelmente, ofereciam cordões de giestas a quem passava nos seus faustosos automóveis recreando-se em dia tão ameno. 



2 comentários:

  1. Meu caro Laurindo,
    que esplêndido poema, a reler muitas vezes!
    Forte abraço

    ResponderEliminar
  2. Fez-me voar à infância e entrar na igreja de Santa Maria, onde o senhor padre Parente, ladeado por duas meninas vestidas de banco, empunhando ramos de flores, invocando tradições longínquas de outros maios, levava a dialogar cântico com a comunidade:
    «A vós, ó Maria,
    As flores trazemos
    E vos oferecemos
    Com santo fervor.
    Aceitai-as,
    Virgem pura,
    São sinal
    Do nosso amor...»
    ... e depois da repetição dos últimos quatro versos, continuava:
    «No céu e na terra...»
    concluindo:
    «... dai a paz ao mundo,
    Ó Virgem Protetora...»
    Depois deste tempo todo, parece que temos de insistir no pedido.

    ResponderEliminar