ÁRVORE
Era uma árvore sem nome que à noitenão em todas as noites mas em algumas
se tornava quase luminescente
como um tic vegetal da sua alegria
mas as corujas e os morcegos
as corujinhas e os mochos
ficavam tão perplexos
que desapareciam
e no entanto ela era assim
porque aquela árvore albergava
um sentimento em cada folha
e a luminescencia apenas era
a excitaçao do seu coração
numa noite de tempestade
um raio abrigou-se na sua copa
mas esta não apagou as suas luzes
e o raio desfez-se
há que ter em atenção
que em cada amanhecer
a árvore apagava-se
isto é dormia
às vezes despertava
se tornava quase luminescente
como um tic vegetal da sua alegria
mas as corujas e os morcegos
as corujinhas e os mochos
ficavam tão perplexos
que desapareciam
e no entanto ela era assim
porque aquela árvore albergava
um sentimento em cada folha
e a luminescencia apenas era
a excitaçao do seu coração
numa noite de tempestade
um raio abrigou-se na sua copa
mas esta não apagou as suas luzes
e o raio desfez-se
há que ter em atenção
que em cada amanhecer
a árvore apagava-se
isto é dormia
às vezes despertava
cheia de passarinhos
mas não era a mesma coisaMario Benedetti (Paso de los Toros, 1920 - Montevidéu, 2009),
El Mundo que Respiro (2001)
versão de Ricardo António Alves
ÁRBOL
Era un árbol sin nombre que en las noches
no en todas las noches sino algunas
se volvía casi fosforescente
como un tic vegetal de su alegría
pero las lechuzas y los murciélagos
y los mochuelos y los búhos
quedaban tan perplejos
que se desvanecían
y sin embargo ello era así
porque aquel árbol albergaba
un sentimiento en cada hoja
y la fosforescencia apenas era
el pavoneo de su corazón
en una noche de tormenta
un rayo se abrigó en su copa
pero ésta no apagó sus luces
y el raio se hizo nada
hay que considerar
que en cada amanecer
el árbol se apagaba
es decir se dormía
a veces despertaba
lleno de pajaritos
pero no era lo mismo
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