16 de outubro de 2025

101 poemas portugueses - #71

 

QUOTIDIANO


As mulheres afadigam-se

a estender a migalha de sargaço

que a nortada trouxe à beirada.

Mesmo à mão, sem graveta.

Interrompo o meu cerzir de escrita

e abarco-as num golpe de olhar.

Longe, num rosal de espumas,

cruzam-se duas traineirinhas:

uma entra, em direcção à Póvoa,

outra sai, rumo ao largo.


Luísa Dacosta (Vila Real, 1927 - Matosinhos, 2015),

A Maresia e o Sargaço dos Dias (2011)

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