Emotivo -- chorava frequentemente durante o seu atribulado reinado --, não era um génio, mas também não era o idiota que aparece retratado na propaganda antimonárquica. Passava grande parte do dia a ler papéis oficiais e em reunião com os ministros para acabar envolvido em posições impossíveis, destinado a presidir a quase uma década de embustes diplomáticos antes de as tropas francesas por fim atravessarem as fronteiras indefesas de Portugal. Minado pela indecisão, conduziu de certa forma o país pelo labirinto político de 1807-1808, um dos mais complexos períodos na história nacional e imperial portuguesa, sobrevivendo como monarca enquanto que os seus congéneres europeus eram destronados e humilhados por Napoleão.
Patrick Wilcken, Império à Deriva, tradução de António Costa, 9ª edição, Porto, Civilização Editora, 2007, p. 77.
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