Pelas praias desertas ao sol-pôr
Vagueia a minha sombra fugidia.
E nos corcéis do vento o meu cabelo
Esvoaça ao sabor da tarde fria.
E no abandono dos areais lisos
A espuma vem de longe desmaiar...
Recolhem as gaivotas às cavernas
Enquanto o pescador vai para o mar.
Descerra a noite a ponta do seu manto
Sobre a terra nessa hora de magia
E as rochas vão batendo contra as rochas
Enquanto o sino canta o fim do dia.
E na solidão da praia deserta
E no escuro da noite sem luar
O Outono da minha alma se apodera
E eu caio sobre a areia a soluçar.
Da Ilha que Somos, coordenação e prefácio de A. J. Vieira de Freitas, Funchal, Câmara Municipal, 1977, p. 45.
(lido numa sessão de 2011)
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