CARTA A RUI FEIJÓ SOBRE O MISTÉRIO DE
ORIANA
Oriana adormeceu à beira-mar
e os seus cabelos longos de tristeza
salgou-os nessas ondas a coalhar
que há no mar do silêncio à portuguesa.
Correram-lhe das pálpebras pesadas
o Guadiana e o Tejo, o Minho e o Doiro;
o sol posto deixou-lhe as mãos doiradas,
e adormeceu com luz como um tesoiro.
Que estranho nome o de Oriana: estrela,
mulher ou pátria? flor, constelação?
Palavra numerosa, será ela
o múltiplo acordar desta canção:
aquela por quem eu, e por seu pranto,
sustenho a espada de Amadis e canto.
CARLOS DE OLIVEIRA, Terra de Harmonia (1950)
Soberbo (tenho de reavaliar a minha lista...)
ResponderEliminarFoi tirado da 3ª edição (1998) de "Trabalho Poético" em que autor «remodelou, incluiu, cortou (sobretudo cortou) o que lhe pareceu necessário para alcançar um conjunto mais equilibrado» da obra. Assim, o poema poderá ter algumas diferenças em relação ao que foi publicado em 1950.
EliminarA minha é ainda da Sá da Costa, mas já póstuma. Acho mesmo que o vou incluir; mas, como a ordem é cronológica, ainda falta muito tempo. Abraço.
EliminarA minha edição é também da Livraria Sá da Costa.
EliminarAmadis, sempre fiel à sua Oriana.
ResponderEliminarUm belo poema.
“Que estranho nome o de Oriana: estrela,
ResponderEliminarMulher ou pátria? flor, constelação?”
Eu sei! Oriana é uma fada!
Cabelos acobreados de condão...
O que toca transforma em nada:
Sapo, o príncipe e o coração!
Eu sei! Oriana voa perdida
No azul plástico dos dias secos.
O que sente é pedra mentida,
Esculpida por sombras e por ecos...
Oriana é leve, sem lamento.
Veste-se de solidão e de vento,
Não reconhece escravo, nem rei.
Alisa as folhas que deito fora
E escreve na voragem da hora
Palavras vazas em que me é. Eu sei!
Fernanda Costa
20/10/2023
Muito bem.
Eliminarhttps://youtu.be/PGSzeHKgHfI?feature=shared
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