BILHETE PARA O AMIGO AUSENTE
Lembrar teus carinhos induz
a ter existido um pomar
intangíveis laranjas de luz
laranjas que apetece roubar.
Teu luar de ontem na cintura
é ainda o vestido que trago
seda imaterial seda pura
de criança afogada no lago.
Os motores que entre nós aceleram
os vazios comboios do sonho
das mulheres que estão à espera
são o único luto que ponho.
NATÁLIA CORREIA, O Vinho e a Lira (1966)
Não consigo gostar da poesia dela, com uma ou outra excepção.
ResponderEliminarGrande figura, a Natália! A mesa censória tinha-lhe um ódio profundo. Os poemas de "O Vinho e a Lira" não escaparam e só por isso merece estar aqui um deles.
EliminarNão gosta de A DEFESA DO POETA?, aquele que começa assim,
«Senhores juízes sou um poeta
«um multipétalo uivo um defeito
«e ando com uma camisa de vento
«ao contrário do esqueleto.»
e acaba
«Sou uma impudência a mesa posta
«de um verso onde o possa escrever.
«Ó subalimentados do sonho!
«a poesia é para comer.»
https://youtu.be/GsZGfMTBWvc?feature=shared
EliminarUma figura, decerto; gosto da sua atitude insubmissa. A poesia dela, em geral, não me comove; há uma inclinação para a grandiloquência que me desagrada.
EliminarÉ uma persona. Quem anda no circo assume posturas postiças que nada querem dizer. Acho que merecemos isso.
EliminarÀ Natália...
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