21 de outubro de 2023

POESIA EM LÍNGUA PORTUGUESA, século XX (15)

 

SE TU VIESSES VER-ME…

 

Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,

A essa hora dos mágicos cansaços,

Quando a noite de manso se avizinha,

E me prendesses toda nos teus braços…

 

Quando me lembra: esse sabor que tinha

A tua boca… o eco dos teus passos…

O teu riso de fonte… os teus abraços…

Os teus beijos… a tua mão na minha…

 

Se tu viesses quando, linda e louca,

Traça as linhas dulcíssimas dum beijo

E é de seda vermelha e canta e ri

 

E é como um cravo ao sol a minha boca…

Quando os olhos se me cerram de desejo…

E os meus braços se estendem para ti…

 

FLORBELA ESPANCA, Charneca em Flor (1931)


7 comentários:

  1. Florbela! Já cá faltava.

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  2. Nem sapato
    Nem sapatinho
    Nem sapatão

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  3. Extremamente desagradável21 de outubro de 2023 às 11:02

    O retrato de Jean Cocteau

    A gravata de seda (natural)
    A peúga CD dum avestruz
    Um orfeu de vison e o imoral
    Brilho das unhas da cidade luz.

    Manicuro de versos pedicuro
    Das patas sanjoanetas das marquesas
    Diamantebronca abrindo mais um furo
    No taipal das moléstias chãburguesas.

    Artista do perna-alta do pernaud
    Do anel de safira do avô
    Da puta que pariu a mariquice.

    Deboche não de baixo mas de buxo
    Cinzelado a primor. Bacio de luxo
    Do mijo deslumbrante da chatice!

    J.C. Ary dos Santos

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  4. Sim, a Florbela -- também tenho para a troca.

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