A PORTA APORTA
a porta roda ao invés da lua
a porta roda bússola enterrada ao invés
dos olhos
a porta geme é um cão nocturno
a porta geme extinta na trela da noite
a porta areia
a porta caruncho pária de mar
a porta maré que vem e que vai que bate
e que fecha
a porta com máscara de morte
a porta sem sorte
a porta joelho na alma das portas
a porta mulher da casa de passe
a porta manchou a manhã com o grito de
porta
a porta enforcada no mastro da casa
a porta por asa
a porta roda
a porta sexo a vida toda
a porta tosca da madrugada pregos são
estrelas mortas
a porta pregada
a porta leilão
a porta batente a porta aranha por
coração
a porta tu
a porta eu
a porta ninguém na terra pequena
a porta roda
a porta geme
a porta facho
a porta leme
LUIZA NETO JORGE, Quarta Dimensão (1961)
Também...
ResponderEliminarÉ muito deficiente o meu conhecimento da sua poesia, infelizmente. Ainda não calhou...
ResponderEliminarQuanto ao poema, já fui mais entusiasta dos malabarismos com palavras e conceitos, que têm obviamente o seu lugar. Para mim, quer na poesia, principalmente, mas também na prosa, sem trabalho sobre a palavra não há literatura.
Também não está aqui por acaso.
ResponderEliminar«Entrai pela porta estreita, porque é larga a porta e espaçoso o caminho que leva à perdição, e são muitos os que entram por ela! Como é estreita a porta e apertado o caminho que leva à vida, e são poucos os que o encontram!» --- Mateus, 7:13-14.
É isso tudo. Muitos. Muitos. Desconcertante inteligência. O meu entusiasmo é exuberante. Palmas.
ResponderEliminarAliás. Sejamos Papa. Todos.
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ResponderEliminarNinguém está aqui por acaso. Basta traduzir o titulo do blogue em polaco e nota-se logo o másculo e ressabiado respeito pelo feminino.
A amante holandesa - essa é fanhosamente hilariante.
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