CARTA ABERTA
Um homem progride, blindado e hirsuto
como um porco-espinho.
É o poeta no seu reduto
abrindo caminho.
Abrindo caminho com passos serenos
e clava na mão,
que as noites são grandes e os dias
pequenos
nesta criação.
Esmagando as boninas, os cravos e os
lírios,
cortando as carótidas às aves canoras.
Chegaram as horas
de acender os círios,
de velar as ninfas no estreito caixão,
de enterrar as frases e as vozes
incautas,
de oferecer a Lua para os astronautas
e as rosas fragantes à destilação.
ANTÓNIO GEDEÃO, Linhas de Força (1967)
O grande Gedeão, que também consta da minha lista, não por ser o grande Gedeão, pois há outros grandes que também lá não estão. Poeta que tem sido menorizado pelos parapoetisos & outra animalaria sortida, humedecidos, provavelmente em adílias e outras gabrielas. Ler o Gedeão hoje é cada vez mais refrescante e higiénico.
ResponderEliminarGrande, sim. Poema sacado de um livrinho comprado em 68 ou 69, edição do autor, agora já de folhas um bocado amarelecidas... São desta obra poemas como: "Poema do coração", "Lição sobre a água", "Poema do fecho éclair", "Poema da bunganvília", "Catedral de Burgos",
Eliminar«A catedral de Burgos tem trinta metros de altura
«e as pupilas dos meus olhos dois milímetros de abertura.
«Olha a catedral de Burgos com trinta metros de altura!»
De quem é o olhar
Eliminarque espreita por meus olhos?
Fernando Pessoa
Homem
ResponderEliminarInútil definir este animal aflito.
Nem palavras,
nem cinzéis,
nem acordes,
nem pincéis
são gargantas deste grito.
Universo em expansão.
Pincelada de zarcão
desde mais infinito a menos infinito.
António Gedeão
Afinal alguns «sabem e sonham».
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