21 de maio de 2020

a morte de uma árvore

«O machado voltou a insistir. O tronco foi-se inclinando, estalando pouco a pouco, ainda hesitante em obedecer ao desígnio dos seus algozes. E, quando, enfim, se decidiu, os galhos dos vizinhos a que se amparava e com brutalidade ia partindo, lançaram protestos mais ruidosos e aflitos do que ele próprio, que a esse apoio forçado ficou devendo o poder morrer abafadamente, como se tivesse rolado, de degrau em degrau, até à cova.» Ferreira de Castro, O Instinto Supremo [1968], 6.ª ed., Lisboa, Guimarães Editores, 1988, p.22.

Sem comentários:

Enviar um comentário