nos meus joelhos, deixa-me alisar-te,
ó amável bichinho, o pêlo fino;
depois, a contra-pêlo, provocar-te!
Se eu pudesse juntar no mesmo fio
(infinito colar!) cada arrepio
que aos viajeiros comprazidos dedos
fizesse descobrir novos enredos!
Se eu pudesse fechar-te nesta mão,
tecedeira fiel de tantas linhas,
de tanto enredo imaginário, vão,
e incitar alguém: -- Vê se adivinhas...
Então um fértil jogo amor seria.
Não este descerrar a mão vazia!
Eros de Passagem -- Poesia Erótica Contemporânea, selecção e prefácio de Eugénio de Andrade, Porto, Limiar, 1982, p. 48.
Lido na sessão de 6 de Janeiro de 2012
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