Hoje, por exemplo, entre outras boas iguarias, leu-se um conto de
Eis um pequeno excerto:
"Adrianito, o eremita louco, tocou várias vezes o chocalho de avisos e dirigiu uma arenga a Dominico Fernández, o defensor da baliza de futebol da cidade: o defensor da cidade.
- Que a cidade também não seja o primeiro túmulo da tua consciência! Olha bem para ela, Dominico Fernández, aí a tens: a cidade está aí, com os seus telhados, o seu sol e os seus choupos; com os seus sinos e os seus fornos de pão; com as suas searas de trigo de paciente lavoura, onde não se pode jogar futebol; com a sua verde veiga feminina e a porta militar que, essa sim, podes - e deves - defender jogando, como jogavam os Gregos nas suas guerras (ainda nobres, atléticas e engenhosas). Desce às portas da tua cidade, Dominico Fernández, e liberta-a das visitas (e até dos olhares) dos forasteiros..."
... ...
"Para que é que bordas pés-de-galo e olhos-de-formiga nas dobras da tua colcha nupcial, Mabelita Smith Catasueiro, se o teu prometido Dominico Fernández, o defensor da cidade, o mais provável é cair morto (ou, pelo menos, ferido) na defesa da cidade? - perguntavam-lhe, cofiando o bigode, as mais gordas e hediondas viúvas...."
do conto Retornelo do Defensor da Cidade ("Onze Contos de Futebol")
Um humor muito seu. É verdade: hoje é dia de Nobel, lembrei-me a propósito do Cela...
ResponderEliminarDe Camilo Cela, prémio Nobel de 1989, li apenas "A Cruz de Santo André", há muitos anos. Não tenho, por isso, uma ideia formada sobre este escritor.
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