BASTAM DUAS LINHAS, E ENTRAMOS NUM CONTINENTE NOVO, NUM LUGAR INÉDITO DO ESPAÇO LITERÁRIO" - Eduardo Prado Coelho
«Hoje o tempo não me enganou. Não se conhece um aragem na tarde. O ar queima como se fosse um bafo quente de lume. e não ar simples de respirar, como se a tarde não quisesse já morrer e começasse aqui a hora do calor. Não há nuvens, há riscos brancos, muito finos, desfiados de nuvens. E o céu, daqui, parece fresco, parece a água limpa de um açude. Penso: talvez o céu seja um mar grande de água doce e talvez a gente não ande debaixo do céu mas em cima dele; talvez a gente veja as coisas ao contrário e a terra seja como um céu e quando a gente morre, quando a gente morre, talvez a gente caia e se afunde no céu.»
(Início do livro)
Boas leituras!
Agarra-nos logo...
ResponderEliminarExacto. Desde as primeiras linhas. Uma construção inédita da sintaxe. A discussão da realidade que abre o debate para o campo religioso? o céu na terra? é possível? Os nomes bíblicos e os elementos água e barro. depois a vida. A monotonia. Os sons, a dor, as vozes. A luz: o raio de luz na noite da tasca. É cedo, levo poucas páginas para dizer mais e melhor. No entanto saramago já lá canta, penso.
ResponderEliminarEstou convencida que o José Luís Peixoto não sabe escrever mal...
ResponderEliminar... O que não quer dizer, se me permite, que escreva sempre igualmente bem... Já li outras obras dele nem todas me encheram as medidas, como o Nenhum Olhar. Nem pouco mais ou menos.
ResponderEliminarO José Luís Peixoto sabe do ofício da escrita. Tal como os pastores das suas ovelhas.
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