«Eles vinham em estado de graça, da praia. Bronzeados e em salmoura, saíram do carro e entraram no palácio frio. Que já era tarde, que as portas iam encerrar ao público, disse-lhes a funcionária, visivelmente fatigada., com o olhar num qualquer sítio perto do mar. Que era só aquele grupo de franceses terminarem a visita guiada pela directora do palácio, uma senhora importante, mulher de ex-ministro, amiga de secretários de Estado. Mas só depois dela mostrar aos franceses excursionistas todas as reproduções das peças do espólio do palácio, retratadas pelo pintor, por brilhante ideia e irrecusável encomenda dela-própria.»
Início de «O Palácio da Ajuda», in A Vida Alcatifada, Lisboa, Fenda, 1997, p. 17.
(lido na sessão de quarta-feira, 8 de Outubro de 2014)
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