«A imaginação de Reinaldo era tão opulenta e constituía uma tão profunda característica da sua personalidade, que, meia hora depois dele ter assistido a um acontecimento, o tornava incapaz de o reproduzir tal qual o vira. Vestia-o, fatalmente, de aspectos imaginários, tirando-o da mesquinhez da verdade para o colocar em relevo, em grandeza, em interesse -- para que ele fosse o que devia ter sido e não o que fora. E Reinaldo não fazia isto por cálculo, por técnica, por experiência do ofício, mas espontaneamente, naturalmente -- porque não podia ver a vida de outra maneira. A sua personalidade forçava-o a ser infiel à realidade, porque `realidade falta, geralmente, encanto, mistério, fascinação.»
«Reinaldo Ferreira», incluído n'O Livro do Repórter X, Lisboa, Agência Editorial Brasileira, 1936 -- livro de homenagem e auxílio à família de Reinaldo Ferreira, falecido no ano anterior.
(lido na sessão das quartas, 7-I-2015)
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