«Chamava-se Hotel Gaivota e ficava quase escondido por detrás de uma enorme duna, numa praia deserta da Paraíba. Vi-o de longe e à luz incerta do entardecer pareceu-me um esplêndida toalha de renda, como aquelas que se vendem na Feira de Caruaru, estendida entre palmeiras altas. Quando me aproximei percebi que o edifício inteiro fora construído com tijolos dispostos lado a lado -- e não no enfiamento uns dos outros, como é usual --, de forma a que o ar pudesse circular livremente através dos orifícios. Mais tarde pude confirmar as virtudes deste ardil: os quartos, embora pequunos, permaneciam sempre frescos. À noite, estendido na minha cama, eu ouvia a brisa atravessar as paredes, e era como se o prédio inteiro respirasse.»
Início de «Um hotel entre palmeiras», Fronteiras Perdidas, 5.ª edição, Alfragide, Publicações Dom Quixote, 2009, p. 33.
(lido na sessão de quarta-deira, 10 de Dezembro de 2014)
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