Nasceu no Funchal em 1933. Foi arquitecto e professor do
ensino secundário. Poeta, pertenceu à geração de 50, a de Herberto Helder, com
quem conviveu de perto. A sua obra poética está representada em A Festa Sendo em Agosto (1980), com
ilustrações da inspiradíssima pintora Alice de Sousa, sua irmã , e Disgrafia Florestal (1995) . Surge,
também, em vários livros colectivos: O
Natal na Voz dos Poetas Madeirenses (1989); Poet’Arte 90; Olhares Atlânticos/Poesia da Ilha (mostra das
artes e letras da Madeira, BN, 1991); e, na antologia Ilha-5,(2008) com um núcleo de poemas denominados As marés como vínculo da memória.
Conviveu com a minha
geração, no segundo lustre da década de 70. Participou connosco nas Exposições de Poesia Ilustrada, no
Teatro de Baltazar Dias, no Funchal. Manteve na década de 80 na RDP-Madeira um
programa, importante, para a divulgação e reflexão da poesia moderna integrando
nesta as vertentes da poesia insular portuguesa
lendo aos microfones desta estação emissora os seus elucidativos ensaios.
Direi, numa opinião
muito pessoal, que, a sua poesia faz lembrar algum Helder: a exploração das
imagens em movimento, o objecto-poema, os objectos no espaço e no tempo, a tensão que
se estabelece entre criador e leitor onde os seres e as coisas evoluem. Helder, em carta que lhe escreveu em 1980
disse ser Eurico de Sousa “ um dos
pouquíssimos poetas vivos portugueses” na medida em que o poeta refaz
imperativamente o mundo. Por sua vez, Frias Martins, em 1984, considerou-o, de uma discursividade redundante (Poesia em Portugal 1974-1984, Leitura de uma
década).
Aqui, fica em sua
homenagem, de A Festa Sendo em Agosto
um poema,
A Cor
“Ora se nos é dada a
mobilidade das lâmpadas//roçagantes anémonas//entre o casario iluminando-o/rápida
luz descendo a terra contornando/os sulcos da alegria cavalgando até ao mar// Protege-te
do sol maldito – vês como tudo volta/ao silêncio? Esta visão se sobrepõe ao teu
corpo/Seres e coisas se movem vertiginosamente/troca-se os pares dispõem-se as
janelas/Rotativo é o céu por sobre as nossas cabeças//ondulam os barcos no
porto ondulam//o sangue hibernante”.
Ontem o telefone tocou. A voz da escritora Irene Lucília
anunciou-me que o poeta escolheu as nuvens para morada dos seus poemas.
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