«Volveu ao passado, à aldeia nativa. Surgiam os campos à
beira do rio, a velha ponte, a levada, a igreja lá ao fundo. Em seguida, o
grupo de austeros castanheiros que existia na estrema do vale, já nas faldas da
serra. “Havia muito sol nos castanheiros quando ele dissera a Mariana que
estava apaixonado por ela – e ela começara a rir-se… Tinha razão. Ela era já
uma rapariga de vinte anos e ele um garoto. Fora o seu primeiro interesse
feminino.”»
--- Capítulo II, Albano recordando a sua vida no transe
doloroso do dia 10 de Maio.
«Um amor pueril iria dar novo rumo à sua vida.
Apaixonara-se por Margarida, que aos dezoito anos pouco ligava à criança que
ele, com pouco mais de dez, ainda era. Um acto temerário agigantá-lo-ia,
decerto, aos olhos de Margarida. Decidiu, a exemplo do que faziam muitos homens
e rapazes da sua idade, emigrar para o Brasil, proeza que espantaria tudo e
todos.»
--- Dados biográficos da infância de Ferreira de Castro,
Guia da Exposição do Museu Ferreira de Castro, Sintra.
Foto: exemplar de "A Tempestade" adquirido em alfarrabista, edição de 1940, carimbada na última página com o ex-líbris do autor.
E uma bela capa de Jorge Barradas.
ResponderEliminarBelo o trecho do romance. Curioso o paralelismo, a comprovar que a escrita ficcional tem sempre uma grande componente autobiográfica.
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