VENDO A MORTE
Em todo o lado vejo a morte! E, assim, ao ver
Que a vida já vem morta cruelmente
Logo ao surgir, começo a compreender
Como a vida se vive inùtilmente...
Debalde (como um náufrago que sente,
Vendo a morte, mais fúria de viver)
Estendo os olhos mais àvidamente
E as mãos p'ra a vida... e ponho-me a morrer.
A morte! sempre a morte! em tudo a vejo,
Tudo ma lembra! E invade-me o desejo
De viver toda a vida que perdi...
E não me assusta a morte! Só me assusta
Ter tido tanta fé na vida injusta
...E não saber sequer p'ra que a vivi!
Manuel Laranjeira (Mozelos, Santa Maria da Feira, 1877 - Espinho, 1912)
Comigo (1912) / Líricas Portuguesas. 2.ª Série
(ed. de Cabral do Nascimento)
Evidentemente.
ResponderEliminarSuicidou-se; Desagradou-lhe certamente a resposta que encontrou.
EliminarNão sabia do suicídio; se soubesse não lhe teria mostrado a concordância...
EliminarJ. A. Marcos Serra
Sendo médico, é provável que soubesse identificar a patologia de que sofria, o que torna a coisa ainda mais dramática.
EliminarÉ tido como fundamental ao conhecimento do trágico no pensamento português. É dos poucos que tendo publicado tão escassamente vingouna literatura portuguesa. A revista Prelo, in-cm, tem um estudo a propósito do pessimismo na literatura e pensamento português que o inclue.
ResponderEliminarE a sua correspondência é soberba.
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