4 de fevereiro de 2024

101 poemas portugueses - #20.


MEU PAI


Os meus primeiros passos animaste,

Os meus primeiros erros corrigiste;

E o amor do trabalho que me incutiste

Com a própria lição que me legaste.

 

A ser honesto e digno me ensinaste,

E por igual também me transmitiste

O gosto pelo estudo, e o prazer triste

Do cultivo das musas, que ensaiaste...

 

Meu adorado Pai, quando me atrevo

A pensar no que sou, e no que devo

Ao teu conselho, auxílio e educação,

 

Que santo orgulho eu sinto em continuar-te!

Pois todo o meu engenho e a minha arte

Obras tuas, meu Pai, apenas são!


Delfim Guimarães (Porto, 1872 - Amadora, 1933), 

Alma Portuguesa (1916)

2 comentários:

  1. Meu pai futurou que, um dia, me arrependeria de não ter aprendido música, que ele quis ensinar-me.
    Meu pai enganou-se: não é um dia; são muitos.

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