30 de junho de 2014

um parágrafo de Ferreira de Castro

«Estes velhos e velhas, em cujo rosto a charrua do tempo lavrou profundos sulcos, estas crianças maltrapilhas, criadas ao deus-dará, entre a lama dos pobres burgos e os animais domésticos, esta gente simples e despecuniada, que me faz sentir o frio que ela sente nas noites invernais e me recorda os seus desolados casebres quando percorro algumas ruas de Lisboa, onde se exibem sumptuosas moradias, demonstra-nos que se a felicidade não se obteve com as conquistas da civilização, também não existia, senão em casos singulares, antes de o homem ter colocado o seu génio ao serviço da sua ansiedade.»

Excerto do «Pórtico» de Terra Fria [1934], 12.ª edição, Lisboa, Guimarães & C.ª, 1980
(lido na sessão de 27.VI.2014)

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