* Um pouco fora de tempo, deixo aqui umas linhas sobre o livro do último mês:
* Um romance sobre a vivência trágica da vida, escuro por vezes obscuro. Noto um ethos alentejano -- algo que uma das participantes na sessão da passada sexta-feira [a 1.ª de Novembro], por sinal alentejana, baixa-alentejana, diga-se, não subscreveu, embora aceitasse a possibilidade de o Alto Alentejo, em especial o distrito de Portalegre, poder ser diferente quanto à psicologia colectiva. Não sei nem , pelo sangue, tenho como o saber. [Curiosamente, já depois destas linhas escritas, estive com uma nossa confreira, também alentejana do Baixo, que sentiu essa identificação.[
*Um confrade falou num De Profundis bíblico, o que me pareceu muito feliz, não sei se também sugestionado pelos nomes bíblicos das personagens masculinas. Um outro, também com grande acerto, falou num livro sobre o caos humano, o conflito com o que não se quer ver, uma poética da sombra. Um terceiro, falou na narrativa como um longo poema, no que estou de acordo. Foi uma grande sessão!
* Trata-se do seu primeiro romance, e podemos detectar algumas influências, uma reais outras talvez sugestão minha. Quanto às reais, é inegável que o estilo de José Saramago aqui se faz muito sentir. Falou-se de António Lobo Antunes, mas eu não dei por isso. Subjectivamente, ouvi os ecos de algum José Régio, das narrativas alentejanas, e Manuel da Fonseca, alguns contos seus. Referência também a Raul Brandão: já não acompanho.
* Houve quem gostasse, e muito, e quem detestasse; quem lhe apreciasse a estética e quem achasse o texto um emaranhado de divagações e/ou lugares-comuns. Éramos vinte, e a coisa andava pela metade-metade.