«É uma segunda-feira, a cidade agita-se por detrás do ecrã de nevoeiro. As pessoas vão para o trabalho como nos outros dias, apanham o eléctrico, o autocarro, sobem para a imperial e ficam a cismar ao frio. Mas o dia 20 de Fevereiro desse ano não foi uma data igual às outras. Contudo, a maioria passou a manhã em tarefas árduas, mergulhada nessa grande mentira decente do trabalho, com esses pequenos gestos em que se concentra uma verdade muda, decorosa, na qual toda a epopeia da nossa existência se resume a uma pantomima diligente.» Éric Vuillard, A Ordem do Dia [2017], trad. João Carlos Alvim, Lisboa, D. Quixote, 2018, pp. 11-12.
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