De ANTÓNIO GEDEÃO, da obra Linhas de Força (1967) - na qual se encontram "Poema do coração", "Poema para Galileo", "Poema da buganvília", "Catedral de Burgos", "Lição sobre a água" e outros poemas bem conhecidos -, esta "Carta aberta" que é a enunciação de uma arte poética da poesia moderna:
CARTA ABERTA
Um homem progride, blindado e hirsuto
como um porco-espinho.
É o poeta no seu reduto
abrindo caminho.
Abrindo caminho com passos serenos
e clava na mão,
que as noites são grandes e os dias pequenos
nesta criação.
Esmagando as boninas, os cravos e os lírios,
cortando as carótidas às aves canoras.
Chegaram as horas
de acender os círios,
de velar as ninfas no estreito caixão,
de enterrar as frases e as vozes incautas,
de oferecer a Lua para os astronautas
e as rosas fragrantes à destilação.
Gosto muito do Gedeão. Tenho de escrever sobre ele...
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