Ontem, quando li na sessão parte do poema de Ruy Belo, não tinha presente o falecimento de SIDNEY POITIER (justamente na véspera, 6-1-2022), protagonista do filme evocado pelo poeta em Homem de Palavras[s]: No Way Out (1950), de Joseph L. Mankiewicz. O actor representa o papel de um médico que presta tratamento hospitalar a um delinquente ferido, procedente de um problemático bairro de nome Beavar Canal. A sua intervenção não corre bem e é lançada sobre ele a falsa acusação de descurar intencionalmente os cuidados de saúde devidos ao ferido, por sinal branco e racista. Um filme sobre o ódio racial, dos mais fortes que Hollywood produziu.
NO WAY OUT
Sei hoje que sou pequeno
e não é esse o meu menor mal
mas faço meus os problemas
da gente de Beavar Canal
Nasci numa aldeia perdida
nestes caminhos de Portugal
mas tanto tenho irmãos aqui
como os tenho em Beaver Canal
Eu a miséria da minha terra
contemplei-a ao natural
enquanto vi no cinema
como se vive em Beaver Canal
Mais do que a pedra mais do que a árvore
o homem é para mim real
e tanto sofre a dois passos de mim
como sofre em Beaver Canal
Não há país que não seja meu
em qualquer parte morro pois sou mortal
mas aproveito a força da rima
para dizer que a minha rua é Beaver Canal
Morra eu dividido aos quatro ventos
seja o legado sentimental
fique no mundo onde ficar
deixo o meu coração a Beaver Canal
Ruy Belo, Homem de Palavra[s]
Muito bem lembrado!
ResponderEliminarAbraço
Humano é o que me ocorre dizer. Sentir o outro...e no entanto questionar-se "quem sou eu ?".(Homem de Palavras(s), "A minha tarde".
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