«De Principes,
só conheço o coração daquelles, tão raros! que foram poetas, como o meu gentil
Charles d´Orléans, e que puzeram todo o seu coração em Randós e Villancetes.
Depois, a presença angustiosa das misérias humanas, tanto velho sem lar, tanta
creacinha sem pão, e a incapacidade ou indiferença de Monarchias e Republicas
para realisar a unica obra urgente do mundo – «a casa para todos, o pão para
todos», lentamente me tem tornado um vago anarchista entristecido, idealisador,
humilde, inoffensivo… Anarchismo, mesmo vago; tristeza, mesmo philosophica; idealisação,
mesmo escondida – não compõem um bom cortezão. Mas uma rainha gracieuse, bonne et belle, certamente me
encanta. E, pois que o nosso pobre Mundo tanto necessita de doçura e bondade,
sinceramente creio na vantagem social de que, por vezes, uma Rainha, irradie um
pouco da sua doçura, da sua bondade, sobre os costumes, o espírito e as leis.» --- EÇA DE QUEIROZ, Notas Contemporâneas.
--- Confrontar com MIGUEL REAL, As Memórias Secretas da Rainha D. Amélia, capítulo "Julho - Os escritores"
É um magnífico texto do Eça, que faz, aliás, justiça à pobre D. Amélia.
ResponderEliminarAinda não me atirei ao livro do Miguel Real.
Abraço
Pois, as "memórias" dela sobre o Eça é que não são muito boas.Tinha mais simpatia pelo Oliveira Martins.
EliminarÉ o que parece...
EliminarA senhora D. Amélia, mesmo posta na prateleira pelo seu barriliforme esposo (cuja figura baixa e rotunda não se adequava, pelos vistos, ao metro e oitenta e tal da rainha e preferia entreter-se com as plebeias) não ia muito com o "bigodinho derriçado", nem com o "sorriso lateral, cáustico e demolidor" do Eça...
Ainda não comecei o livro. Boas questões para o Miguel Real, no dia 1.
EliminarAs Notas Contemporâneas do Eça é um dos livros que ainda tenho de ler... tão pouco tempo para tão vasta seara!
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