CANÇÃO DUMA SOMBRA
Ah, se não fosse a névoa da manhã
E a velhinha, para ouvir a voz das cousas,
Eu não era o que sou.
Se não fosse esta fonte, que chorava,
E como nós cantava e que secou...
E este sol que eu comungo de joelhos,
Eu não era o que sou.
Ah, se não fosse este luar, que chama
Os espectros à vida e se inflitrou,
Como fluido mágico, em meu ser,
Eu não era o que sou.
Ah, se não fosse o vento, que embalou
Meu coração e as nuvens, nos seus braços,
Eu não era o que sou.
Sem esta terra funda e fundo rio,
Que ergue as asas e sobe, em claro voo;
Sem estes ermos montes e arvoredos,
Eu não era o que sou.
Teixeira de Pascoais (Amarante, 1877 - Gatão, 1952),
As Sombras (1907) / Antologia Poética
(ed. por Ilídio Sardoeira)
Belo poema bem representativo da poesia e pensamento místico de Pascoaes alma mater do saudosismo. E nunca esquecido . Está representado e estudado na Nova 2, e, tb na Nova Renascença do Augustto Seabra..que trazia ideias de um fôlego novo.
ResponderEliminarObrigado, Laurindo. E o seu "Tem dias"? São as eleições a afastá-lo da poesia?...
EliminarNão...o general inverno e as suas frentes frias mais depressa. Quanto ao TD veremos Já agora recordo-lhe que está a decorrer a 50ª Feira de Livro do Funchal.
EliminarO que vale é que a Primavera está achegar.
EliminarE onde se apanha o barco?
Espelho meu...
ResponderEliminarOu para lá do espelho...
EliminarO que somos ou: que nos fazem ser; que nos deixam ser.
ResponderEliminarDepois, o regresso ao nada que fomos.
E oq que fazemos de nós próprios, também.
EliminarIsso é o pilar central e a minha missão na Terra, mas eu estava a comentar o poema, e o autor deambulou pelas vias acessórias.
Eliminar