«(…) toda a poesia consiste fundamentalmente no desgosto que o homem tem sempre pelo que ainda é e nos seus braços estendidos para o que quer ser; consiste fundamentalmente na tal reconstrução sobre si próprio, no seu desejo eterno de ser mais, que é como quem diz: melhor.»
– Dissertação de licenciatura de MÁRIO DIONÍSIO, “Introdução à leitura da ‘Ode Marítima’", apresentada em 1938 à Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
O
candidato foi reprovado no exame.
Que belo apócrifo. Pode servir de 'adenda et corrigenda' da série entretanto finada. E o resto do Régio?
ResponderEliminarAh! Nem havia percebido que se tinham cumprido os 15. O Régio está em pousio, mas vai voltar.
ResponderEliminarHá sempre alguns que, diminuindo os outros, julgam que se elevam. (por isso o terão reprovado?)
ResponderEliminarj. a.marcos serra
Meu caro,
EliminarEm 38 os sábios da Academia não conheciam bem Pessoa. Andavam desconfiados com o homem falecido 3 anos antes, embora o António Ferro tivesse arranjado forma de lhe atribuir um bom prémio por "Mensagem". Aconteceu também que MD se estendeu em considerações sobre poesia em geral, dedicando apenas a última parte da dissertação à "Ode Marítima". Li o trabalho, 89 pp. dactilografadas, para intervenção no colóquio Modernidades Plurais, 4 a 7 de Junho na Faculdade de Letras de Lisboa. Muito antes, em 1925, a dissertação de licenciatura de José Régio (apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra) também tratava de Pessoa e dos outros modernistas. Trabalho pioneiro. Os lentes deviam perceber pouco do assunto, mas não o chumbaram :)
(Nota íntima: não saber tem sempre uma vantagem: a oportunidade de aprender).
EliminarNo caso com que concluis, dado o facto de «lentes» desfocadas, optaram fazer como eu: acreditar no pouco que viam.