Ontem leu-se variado e bem. Como estávamos no Museu Ferreira de Castro, foi a ele que coube inaugurar esta nova sessão das quartas: seguiram-se Pepetela, João Ricardo Pedro, Miguel Real, Franz Kafka, Eça de Queirós, Maria do Rosário Pedreira, Bertolt Brecht, Adelino Caldeira, e até dois folhetos: um sobre a morte de Alves Redol, em 1969, e a lista dos candidatos da CDE no distrito de Lisboa, para o simulacro de eleições havido no mesmo ano, creio, com candidatos que dariam (e alguns ainda dão) que falar...
Aqui ficam algumas linhas das minhas escolhas:
Ferreira de Castro, «Delfim Guimarães» (a propósito da morte do seu editor): "[...] Tenho conhecido muita gente. Uns, mascarados, às esquinas da vida; outros, colocados ao sol, espírito aberto à compreensão, que tudo justifica e tudo absolve, à solidariedade humana, ao amor pelos que sofrem e até por aqueles que parecem não sofrer... [...]". In Memoriam de Delfim Guimarães (1934)
Eça de Queirós, em carta a Jaime Batalha Reis, defendendo-se de não ter participado o seu casamento: "[...] Mil trovões! Estás tu certo disso? O quê! Eu não te disse que ia casar, -- falando de pé, com um gesto largo, lá na casa de Langham St.?... / Bem diz o Santo Antero, como ja o ensinara o Buda divino! Tudo é nada: só há aparencias: o universo é uma grande ilusão: a única realidade é o não-ser! [...]". Cartas Inéditas de Eça de Queiroz, Ramalho Ortigão, Batalha Reis e Outros (edição de Beatriz Berrini, 1987).
Sarah Adamopoulos, «A Marylin»: "[...] Todos os dias ela ia morrer. Acontecia-lhe em qualquer lugar. Podia ser no supermercado junto às arcas dos ultracongelados. Convencia-se de que ia ter um colapso cardíaco ou uma hemorragia cerebral e imaginava-se a cair e a ficar com a cabeça colada às embalagens dos panadinhos Capitão Iglo. [...]". A Vida Alcatifada (1997)
Bertolt Brecht, «Desfile do povo alemão»: "Decorridos cinco anos nos disseram / que aquele que a si próprio se intitula / enviado de Deus já aprontou / sua guerra, os armamentos; / [...]". O Terror e a Miséria no Terceiro Reich (1938 - tradução de Fiama Hasse Pais Brandão).
O formato promete. Descobre-se cada pérola...
ResponderEliminarPenso que o êxito está assegurado!
... e eu metido em chá...chá...chás, com muitas penas!
ResponderEliminarCaro Fernando, é isso que se pretende. Abraço
ResponderEliminarCaro Zé, um pouco de falta de chá, de vez em quando, não é morte de homem... Abraço