3 de dezembro de 2023

15 formulações poéticas - #1. Guerra Junqueiro

 «O verso é mais belo do que a prosa, porque estabelece entre as palavras uma amizade mais estreita. Um verso errado é um delito.»

9 comentários:

  1. PROSA, VERSO E VERSOS ERRADOS
    Mário de Andrade, o fundador do desvairismo, no seu
    "Prefácio interessantíssimo": «Preocupação de métrica e de rima prejudica a naturalidade livre do lirismo objectivado»; «Não acho mais graça nenhuma nisso de a gente submeter comoções a um leito de Procusto para que obtenha, em ritmo convencional, número convencional de sílabas».
    E o Caeiro dizia:«Por mim, escrevo a prosa dos meus versos / E fico contente,»
    :)

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    1. E ora bem! Creio, no entanto, que o Junqueiro não se referiria a delitos de metrificação. Teria de voltar ao texto, que tenho em casa, e agora estou a mais de 400 quilómetros dela...

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  2. A poesia é uma intenção. Se o poeta constrói um texto e diz: isto é poesia, temos de admiti-lo. O outros artefactos ou estâo lá, naturalmente, ou, não. A "luta" da minha geração em 74 foi precisamente pela libertação do verso. "publico-te isso se tirares daí a rima"...;O Colóquio " Ao Encontro da Poesia" em 73 acendeu essa questão e tece luta acesa com velhos Dantas...E hoje como estamos? Os versos livres serão realmente livres? Aqui ficam estas achas.

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    1. 74 foi cinquenta anos depois do modernismo de Mário de Andrade (1922). Naquele tempo tinham piada esses fundamentalismos (chamemos-lhe assim), nos anos setenta nem tanto. O Dantas, coitado, estava morto e enterrado. Entre nós, até o engenheiro naval por Glasgow da última fase (1931-35) escrevia sonetos com metro e rima. E na semana passada, ouvi o Eugénio Lisboa dizer que os poetas americanos de hoje encontram na rima e no verso medido elementos fundamentais do fazer poético. Ele lá sabe, eu não que não os leio. Ao contrário de tais americanos, um dia destes trago aqui o João Luís Barreto Guimarães, Prémio Pessoa de 2022. Depois digam o que quiserem :)

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    2. Estou totalmente de acordo com a ideia de que a poesia é intenção, independentemente de quaisquer fórmulas. Aliás, quanto poetas modernos, a começar pelo Pessoa e a continuar no António Botto, depois o Carlos de Oliveira o Rui Knopfli e tantos outros, ensaiaram fórmulas antigas e clássicas. maxime, o soneto?
      O que para mim é verdadeiramente antipoético desde então é o postiço das imposições e a falta de personalidade, o querer agradar ou não querer agredir. Viva a Revolução e viva também a Reacção!
      Claro que tudo se salva ou tudo rui consoante o talento e o estro de cada um. Um mau poeta sê-lo-á, para além da forma.

      Eu acho que o Eugénio Lisboa tem toda a razão, pois não me parece que ele queira impôr nada; como você diz, Manuel, nos anos 70 já não tinham piada nenhuma.

      Gosto muito de boa parte da poesia e da poética do JL Barreto Guimarães. Nenhum poema dele nos meus 101, hélas...

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  3. Estou tentado a subscrever a preposição de Junqueiro, substituindo «porque» por «se».

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    1. Neste caso, meu caro, o 'se' implicaria a possibilidade de uma ausência de poesia, o que invalidaria o verso, e portanto a asserção junqueiriana...

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  4. Desculpem-me os sábios comentadores, mas a poesia tem que ser mais que uma intenção... E não basta que o autor lhe chame poesia para o ser. Acho eu...

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    1. Mais do que um ensaio, o seu comentário justificaria um tratado...

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