ALLAN KARDEC
espírito que observa este mundo
do sofá empoeirado da dimensão
paralela
que dia chato
e longo
deve ser o seu
que programação
repetida
preparamos
este ano
são tantas cenas de ronco e banho
e mesmo assim você fica obcecado
e no canto da sala acompanha os vivos
com sua má postura ferimentos
olheiras etc. afinal
você não tem passado bem
desculpe se imagino errado
não conheço bem as teorias do
espiritismo
suponho que no pós-vida não há luz
mas aqui na tela
do aparato que encaro o dia todo
todos os dias
digitando com apenas dois dedos
os farelos de pão velho caindo no
teclado
que vida triste você pensa
são tantas horas da mesma atividade
que você entedia e cochila
deixando pra depois o seu trabalho
de fazer assombração
ANA GUADALUPE (Londrina, 1985), inédito, em Naquela Língua, cem poemas e alguns mais – Antologia da novíssima poesia brasileira. Selecção e organização de Francisco José Viegas, Editora Elsinore, 2017
É sempre higiénico ler coisas destas.
ResponderEliminarTambém acho. No entanto,
ResponderEliminarCaia na real, Alan!...
ResponderEliminarCito: «não conheço bem as teorias do espiritismo». Apesar da ironia, que pode dar boa poesia, se não conhece, tem muitas alternativas, mas não tem todas.
ResponderEliminarApesar de tudo, está engraçado... mas é evidente que sabe muito mais do que a declaração quer fazer supor.
Conhecer nunca é mau, porque amplia as opções..