O POETA
Foi visto
(diversas vezes) com uma
caneta na mão. Nem
tentava disfarçar. Sentava-se à mesa
consigo
(sempre
cingido de livros) e escutem:
o que fazia era
escrever poemas. Sei muito bem o que
digo.
Ele fazia poemas. Os outros
passavam ao largo
(fugindo a qualquer pergunta) ele nem
sequer escondia o que ali estava a
fazer. Ali
à frente
de todos. Linhas e linhas escritas.
Não se limitava a ler.
Não se limitava apenas a viver a sua
vida.
Sei muito bem o
que digo. Aquilo eram
poemas.
JOÃO LUÍS BARRETO GUIMARÃES* (1967), Aberto todos
os Dias (2023)
* Prémio Pessoa 2022
Bom poema. Estou particularmente atento às poéticas que observem o poeta. Quanto ao presente poeta ainda não o li devidamente mas é provável que o faça um dia para saber o que digo já que toca em materiais sensíveis à minha geração inclusive algumas palavras e a novidade naconstrução da frase estrôfica
ResponderEliminar'Sei muito bem o que digo: aquilo eram poemas!' Provavelmente só os poetas sabem adivinhar tal coisa...
ResponderEliminarObrigado, caros poetas/especialistas por me darem a ler tão originais obras de arte!
É um dos poetas actuais de que mais me interessa. Não está sempre ao memso nível, mas nem ele nem ninguém. "Luz Última" é um dos meus livros.
ResponderEliminarEu li (leitura de biblioteca) a antologia "O Tempo Avança por Sílabas". Depois adquiri "Movimento" e "Aberto todos os Dias" pelos quais, a espaços, tenho avançado. Nem sempre é igual, de facto.
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