MALEVICH, QUADRADO NEGRO
Um erro metafísico,
um insulto à pureza e à altura.
Para que servem as formas?
Para esconder a nossa face
de anónimos mortos
entregues à cinza.
Propicia-se a luz.
A noite dos místicos e dos frágeis
ilumina-se.
Não há desenho que reclame
a mão do prodigioso desenhador.
Sob lâminas e dúvidas
o mundo esmorece.
Sépalas amparam a forma, o mar
onde se escuta o negro quadrado.
O que se lê por entre ilegível
caligrafia?
Alguém comenta a fúria dos modernos.
Uma cidade é arrasada. Eis a última
estação.
O inferno suspende-se. Uma poeira
cai sobre a pele.
Lembramos o muro de infância
onde vimos as sombras, recortadas
subtilmente, ameaçadoras.
Um assentimento
destruía-nos.
Frases alargavam a página.
não continham esse regresso:
«O vazio é a tua morada-»
LUÍS QUINTAIS (1968 ), Ângulo Morto (2021)
Não li Ângulo Morto, mas do livro A Noite Imóvel anotei Vigília, a partir de Peter Dale.
ResponderEliminarNão sou um entusiasta, tem momentos, para mim, claro.
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