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Fica dentro de mim, como se fosse
eterno o movimento do teu corpo,
e na carne rasgada ainda pudesse
a noite escura iluminar-te o rosto.
No teu suor é que adivinho o rastro
das palavras de amor que não
disseste,
e no teu dorso nu escrevo o verso
em pura solidão acontecido.
Transformo-me nas coisas que tocaste,
crescem-me seios com que te alimente
o coração demente e mal fingido;
depois serei a forma que deixaste
gravada a lume com sabor a cio
na carícia de um gesto fugidio
ANTÓNIO FRANCO ALEXANDRE (1944), Duende (2002)
Também não li "Duende". Formalmente, gosto bastante.
ResponderEliminarFim da série, o que se segue?
Falta o XXI para o último dia do ano.
Eliminareu e as minhas leituras apressadas...
Eliminar'No teu suor é que adivinho o rastro / das palavras de amor que não disseste'. Que bonito!
ResponderEliminarFranco Alexandre é grande! Dos poetas que mais gosto. Em 2021, felizmente, a sua obra poética completa foi publicada pela Assírio & Alvim. Será releitura para 2024 🙂
ResponderEliminarEstas «coisas» ou são obscenas ou são poéticas, e isto é poesia.
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