IRMÃOS KARAMAZOV
Perguntava à menina da livraria
por estes irmãos, cujo nome
ela dedilhou no teclado
com óbvias letras erradas.
– É recente? – indagou
com uma prestável candura.
O eventual comprador parecia
não saber ao certo. Uma espécie
de desânimo atravessa-me os sentidos
na memória nostálgica
dos meus verãos adolescentes,
falésias
de tardes febris com a pele
das páginas onde Aliocha e Ivan
ou Sónia e Raskolnikoff
iluminavam a culpa e o temor
que fatalmente já me pertenciam.
INÊS LOURENÇO (1942), O Jogo das Comparações (2016)
Este efectivamente passo.
ResponderEliminarO quotidiano como instância poética, evocação, saber-se de Dostoievski na adolescência do sujeito lírico. Achei interessante.
ResponderEliminarComo se insere um pouco no meu sentido de humor, sinceramente, acho interessante!
ResponderEliminarMeu caro, comentários sempre feitos com essa adverbial sinceridade. Que não mente... Obrigado :)
ResponderEliminarAplaudo o recado finíssimo.
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